Conheça cinco discos lançados em 1981 que vislumbraram o futuro
Aparentemente nunca o pop olhou tanto para frente quanto em 1981. Nesse ano parece que a música resolveu olhar para frente. Alguns simplesmente adotaram um look futurista e passaram a usar apenas instrumentos eletrônicos. talvez tentando antever a música do século XXI. O mais engraçado é que muita música sendo feita hoje tem a ver com a daquela época ainda que ela sempre venha acompanhada do adjetivo "retrô". Outros foram cavando trincheiras e desbravando novos caminhos seja passando a investir nos video-clipes, no uso de música feita fora dos grandes centros ou passando a criar novas canções a partir de músicas já existentes. Temos aqui cinco exemplos de artistas que entenderam o seu presente e ousaram pensar adiante. O fato é que o ano de 1981 foi importantíssimo e de grande variadade para a música pop e provavelmente voltaremos a ele em outras ocasiões em nossa série de especias de fim de semana.
Computer World - Kraftwerk - Para usar um clichê batido, esses alemães já vinham inventando o futuro desde os anos 70 ao mostrar as possibilidades da música feita com instrumentos eletrônicos. Mas foi aqui que tudo aparente "clicou". Computer World apontava para uma era completamente dominada por computadores pessoais e gadgets e para uma música construída em cima de sons do cotidiano - em Pocket Calculator calculadoras são o principal "instrumento". Em 1981 o grupo atingiu ás paradas de sucesso, curiosamente com The Model uma música de seu disco anterior. No ano seguinte involuntariamente o Kraftwerk faria outra revolução. O DJ Afrika Bambaataa usou a base de Trans Europe express faixa de 1979 do grupo para criar Planet Rock e espalhou o hip-hop para o mundo. Não a toa depois disso eles lançaram pouco material. A missão já estava cumprida.
My Life in the Bush of Ghosts - David Byrne e Brian Eno - Brian Eno é um visionário. Pioneiro dos sintetizadores, criador da ambient music além de ter trabalhado com nomes de peso (de David Bowie ao U2). Com David Byrne dos Talking Heads ele se entendeu às mil maravilhas (ao contrário do resto da banda). Assim que acabaram de gravar Remain in Light (o terceiro e último disco da banda produzido por Eno) eles embarcaram nessa grande viagem. My Life... mais do que composto foi construído. Trechos de transmissões radiofônicas, colagens sonoras, pedaços de músicas da África e do Oriente Médio e até um exorcismo entraram na mistura. Ao fazer música nova a a partir de trechos já existentes eles deram as bases para a cultura do sampler além de mostrar que havia muita música sendo feita fora do eixo Inglaterra/EUA para ser descoberta e incorporada ao pop.
Dare - The Human League - Esse poderia entrar também na série "discos que tinham tudo pra dar errado". Inicialmente um trio eletrônico-experimental, o Human League original havia terminado. O mais óbvio era esperar que os compositores Martyn Ware e Ian Craig Marsh se dariam melhor com o Heaven 17 (mais sobre eles já já) do que Phillip Oakley que manteve o nome do grupo e chamou duas cantoras para substitui-los. Mas não é que o inesperado aconteceu? Dare, com a valiosa produção de Martin Rushent, estourou no mundo todo, botando toda uma geração em contato com o pop sintético de Love Action (I Believe In Love), Open Your Heart e, claro, Don't You Want Me. O disco seduziu críticos, e os públicos ingleses e americanos. O grupo nunca mais foi tão bons, mas Dare lhes garante uma carreira duradoura. Em abril eles tocarão em São Paulo.
Penthouse and Pavement - Heaven 17 - Phillip Oakley pode ter feito mais sucesso que seus ex-parceiros de Human League, mas isso não significa que os esforços de Martyn Ware e Ian Craig Marsh não tenham sido bem sucedidos. Com o Heaven 17 eles criaram mais que uma banda um conceito. Assim o grupo era a parte "pop" de uma corporação, a British Electric Foundation (eles também gravavam sob esse nome e foram os responsáveis pela ressurreição artística de Tina Turner). A própria capa do álbum ironizava essa nova faceta dos anos 80 com os membros retratados como executivos yuppies com rabos de cavalo. Penthouse and Pavement também fazia uso de sintetizadores e baterias eletrônicas mas mostrava que mesmo a música feita por brancos tocando teclados poderia ter suíngue. Lição aprendida por muitos nos anos seguintes.
Duran Duran - Eles foram acusados de muitas coisas: de serem pré-fabricados, vazios e de roubarem tudo que podiam de David Bowie, Roxy Music e especialmente do Japan, mas para toda uma geração o Duran Duran foi seu primeiro contato com a "música do futuro". A partir de agora ficava claro que a música só não bastava, mas que era importante ter clipes bem produzidos ao invés dos antigos promos com a banda tocando ou improvisando com câmera ligada e que todo o visual e a apresentação gráfica da banda deveriam ser cuidados com toda a atenção. Mas é claro que nada disso adiantaria se as músicas não fossem essencialmente boas. Esse disco de estreia mostra que o grupo também tinha um talento invejável para compor pop da melhor qualidade. A prova está em Girls On Film, Careless Memories, Anyone Out There e, a melhor delas, Planet Earth.
Fonte: Vagalume
1 comentários:
Só grandes nomes que fizeram parte da revolução na qualidade musical que se iniciou no meio dos anos 70 e que na minha opinião estacionou no meio dos anos 90.
Abs.
http://luisfernandodm.blogspot.com/
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